Construção de Mundos na Prática: Como Criar Universos Imersivos para Livros, Jogos e RPGs
Criar um mundo envolvente exige mais do que mapas e nomes legais. Descubra como aplicar técnicas de worldbuilding para dar profundidade a seus livros, jogos e campanhas de RPG.
Olá, Arcanistas! Sejam bem-vindos ao terceiro post da FORJA NARRATIVA uhulll! O Gato está contente e eu também. Hoje vamos conversar sobre construção de mundo!
*Lembrando que a forja narrativa é uma série que usa como pilar e bússola as aulas do Brian Sanderson.
1. O que é Construção de Mundo e Por Que Importa?
O worldbuilding - construção de mundo - é a espinha dorsal de histórias imersivas é o pilar sagrado sob o qual todas as narrativas coexistem. É durante o World building que definimos as regras, cultura, história e atmosfera do universo onde tudo acontece.
Mas tudo o que, Meg? Tudo = história. Todos os detalhes que sejam pertinentes a história que está sendo contada, seja em um rpg, um livro ou jogo. Um exemplo básico para lançar uma luz: como funciona o governo? Quais recursos existem na região X, quais as regras da nação de Geb?
Informações que os jogadores precisam saber, sim. Mas também informações que costuram um mundo coeso e verossimil.
Por que um bom worldbuilding faz diferença?
Imersão: O público se sente dentro do mundo.
Coerência: As regras e elementos narrativos fazem sentido.
Profundidade: Histórias ricas têm camadas e detalhes além da trama principal.
Erros comuns:
Criar um mundo cheio de detalhes irrelevantes que nunca afetam a história. Sério, isso me faz questionar o por que de eu ficar sabendo disso.
Fazer um universo visualmente bonito, mas sem vida (hollow worldbuilding). Tudo é lindo, mas E…?
Adicionar regras que depois são quebradas sem explicação (inconsistência). Esse de longe é o que mais me irrita! Os magos da costa da espada sempre cometem esse crime
2. O Método de Sanderson para Construção de Mundos
Como estamos fazendo nosso estudo baseado nas regras de Sanderson, podemos resumir o processo de worldbuilding em alguns princípios essenciais:
1º Regra: O Que é Diferente?
Antes de criar um mundo do zero, pergunte-se: o que o torna único?
🔹 Mistborn: A magia funciona consumindo metais.
🔹 Stormlight Archive: Tempestades poderosas moldam a sociedade e o ecossistema.
Em Willow Grove (um jogo que estou criando): A magia desapareceu, mas pode ser reencontrada através da natureza e em textos esquecidos nos recantos do mundo.
Dicas do Gato:
Escolha 1 ou 2 elementos centrais que diferenciem seu mundo.
Use esses elementos para influenciar cultura, política e economia.
Não exagere na quantidade de conceitos únicos—menos é mais!
3. Como Criar um Mundo Vivo (Para Escrita, RPGs e Jogos)
Agora vamos para a parte prática. Aqui estão cinco camadas essenciais para um bom worldbuilding:
1. Geografia e Ambiente
A geografia de um mundo afeta tudo: cultura, política, economia e até personalidade dos personagens.
📌 Pontos para definir:
O clima influencia o estilo de vida?
Existem recursos naturais raros?
Como a geografia molda as cidades e fronteiras?
🔹 Exemplo Willow Grove: A Floresta dos Dragões esconde segredos antigos, e o Mar de Platina reflete o céu como um espelho.
2. História e Mitologia
O passado do mundo influencia o presente.
📌 Pontos para definir:
Há eventos históricos que ainda impactam o mundo?
Religiões, mitos e deuses têm influência direta?
Há conflitos históricos que ainda ecoam?
🔹 Exemplo Willow Grove: O desaparecimento da magia deixou cicatrizes, e há uma conspiração para roubar o livro sagrado da deusa da Magia e da Paz.
3. Cultura e Sociedade
A sociedade de um mundo define como as pessoas vivem e interagem.
📌 Pontos para definir:
Como as pessoas se vestem e se comunicam?
Há classes sociais ou sistemas de governo únicos?
Como a magia (ou a falta dela) influencia a cultura?
🔹 Exemplo Willow Grove: A relação entre humanos e seres mágicos é fragmentada, e algumas aldeias tentam preservar conhecimentos esquecidos.
4. Economia e Recursos
Uma sociedade precisa de recursos para existir.
📌 Pontos para definir:
O que as pessoas produzem e trocam?
Existe uma moeda ou sistema de troca diferente?
Quais são os produtos mais valiosos?
🔹 Exemplo Willow Grove: Poções e artefatos antigos são bens valiosos, pois a magia natural é escassa.
5. Tecnologia e Magia
Mesmo mundos sem magia precisam de um sistema tecnológico funcional.
📌 Pontos para definir:
Há tecnologias inovadoras ou retrógradas?
Como a magia afeta a vida cotidiana?
Existem leis ou tabus sobre o uso da magia?
🔹 Exemplo Willow Grove: A magia desapareceu, mas pode ser acessada por meio do estudo das plantas e do ocultismo.
4. Evitando o Infodump: Como Introduzir o Mundo Naturalmente
Um erro comum de quem constrói mundos detalhados é despejar muita informação de uma vez. Ninguém gosta de ficar sentado por milênios enquanto o mestre fala e fala sobre um mundo que ele criou e que você não dá a mínima. Acreditem em mim, isso só vai fazer seus players quererem tacar bola de fogo em tudo e todos.
📌 Como introduzir o worldbuilding organicamente:
✅ Mostre o mundo pelos olhos dos personagens.
✅ Deixe os diálogos sugerirem o contexto, sem explicações forçadas.
✅ Use objetos, costumes e cenários para contar a história do mundo.
🎮 No Game Design:
NPCs podem conversar entre si sobre o mundo.
Itens e artefatos podem ter descrições que revelam história.
O ambiente pode sugerir a lore sem precisar de texto explícito.
📌 Exemplo bom: Hollow Knight introduz seu mundo pelo cenário e exploração, sem tutoriais excessivos.
📌 Exemplo ruim: Final Fantasy XIII despeja a lore no jogador sem contexto natural.
Conclusão: O Mundo Como Um Personagem
Seu mundo é tão importante quanto qualquer protagonista. Ele precisa evoluir, ter camadas e ser vivenciado pelo público.
Muitas vezes o mundo é o protagonista e o publico vai vivenciar a sua jornada e os efeitos dos seus atos no mundo e como ele muda durante o trajeto. Isso é uma coisa linda e muitas vezes, especialmente nas minhas sessões de rpg, meu grupo e eu olhamos para as aventuras passadas e temos longas conversas de como o mundo mudou e como os personagens mudaram ao longo da aventura. Essas são memórias que nós vamos nos lembrar por muito tempo.
O worldbuilding vai muito além de um mapa bonito, detalhado e milimétricamente calculado. Ele é talvez a parte mais difícil e também a mais importante quando você começa a se aventurar no mundo da criação de histórias.
Agora me conta: Qual universo fictício mais te marcou pelo worldbuilding? Vamos trocar ideias nos comentários!